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Pensar_ O Futuro
Pensar Maior: por uma saúde preventiva e sustentável

Pensar Maior: por uma saúde preventiva e sustentável

Foi sob o signo da urgência que decorreu, em Vilamoura, a segunda etapa da iniciativa Pensar Maior Fidelidade, desta vez dedicada à saúde. Urgência na necessidade de implementar estratégias de atuação em prol da sustentabilidade do setor da saúde.

Nesta iniciativa, todos os caminhos foram dar à sustentabilidade em saúde, num programa que envolveu colaboradores, corretores, mediadores e parceiros da Fidelidade. Ao todo, cerca de 300 pessoas marcaram presença no Centro de Congressos do Algarve, situado no hotel Tivoli Marina Vilamoura, com mais 2.700 a assistir, em streaming, a este evento da família Fidelidade, realizado no Dia Mundial da Saúde.

Cuidar da saúde antes de tratar a doença

Na abertura do evento, o CEO da Fidelidade, Rogério Campos Henriques, partilhou a sua visão e estratégia para o futuro do grupo na área da saúde. Num caminho de sucesso, a Multicare está a crescer “acima do crescimento do mercado”, posicionando-se “na linha da frente” em áreas como a cobertura da saúde mental. Mas, para este responsável, aproximam-se problemas conjunturais “que vão gerar enormes custos e necessidades a prazo”, pelo que “todos os elos da cadeia de valor devem alinhar-se de modo a assegurar a sustentabilidade da saúde” – algo que, lamenta, ainda não está a acontecer.

O segundo momento da agenda matinal teve como chapéu de chuva temático a prevenção e o autocuidado, com os holofotes a incidirem sobre o programa Multicare Vitality, lançado em plena pandemia. Considerando que a aposta tem sido ganha, a principal responsável do programa, Bárbara Faria, revelou que a respetiva aplicação está a evoluir através da “melhoria da usabilidade”, da “expansão do leque de parceiros”, e da inclusão de “novas funcionalidades e objetivos semanais”.

A telemedicina pode ser uma porta de entrada para os cuidados de saúde primários.

Pedro Lucas, Multicare

O rastreio e os cuidados de saúde primários estiveram em foco na palestra dividida entre Rita Serôdio e Pedro Lucas, da Multicare. Rita Serôdio lembrou que a seguradora “foi pioneira quando lançou a cobertura de medicina preventiva, em 2009, mas também quando lançou, em 2016, a primeira plataforma de telemedicina assegurada exclusivamente por médicos”. Desde então, “tem investido continuadamente na melhoria da proposta de valor de ambas as coberturas”. Por seu turno, Pedro Lucas destacou a “reformulação do check-up”, de forma a torná-lo “mais relevante do ponto de vista clínico”, e sublinhou o facto de o doente poder optar por fazer as suas consultas de check-up via medicina online. A Multicare, garantiu, irá trabalhar para que a telemedicina possa ser uma “porta de entrada para os cuidados de saúde primários”.

 Acesso de todos à saúde em Angola

A adaptação da Multicare às especificidades do mercado angolano foi o destaque do momento que se seguiu. O exemplo da implantação do produto Saúde Popular, em 2020, alterou o paradigma da solicitação de seguros à Fidelidade Angola: passou a “permitir que pessoas de baixa renda tivessem acesso a cuidados de saúde de qualidade, em qualquer ponto do país, ao invés de essa solicitação acontecer maioritariamente pelas empresas”, observou Ana Marques, da Fidelidade Angola. Essa diferenciação foi feita, por exemplo, através de consultas telefónicas, mas o produto Saúde Popular também se distingue por facilitar a realização de consultas presenciais em consultórios médicos próprios da Fidelidade Angola, bem como a realização de exames auxiliares de diagnóstico.

Não há saúde sem saúde mental

O tema da saúde mental foi um dos temas mais “quentes” a ser levado à discussão no evento, com o enquadramento do tema a ficar a cargo do Dr. Tiago Pereira (Ordem dos Psicólogos). Na sua reflexão, este especialista referiu que “as pessoas não são os seus problemas”; simplesmente têm-nos, ou não. A partir, daí, também têm, ou não, os recursos necessários para lidar com eles.

Foi na abordagem a esses recursos e soluções que a Multicare se posicionou – tal como Inês Pimenta, desta seguradora, observou, de seguida, partilhando alguns dados: Portugal é o 5.º país da União Europeia com maior prevalência de doença mental (20%). Outro número: um em cada cinco portugueses considera que a sua saúde mental piorou com a pandemia. Estes números preocupam, e o mesmo acontece com os números das empresas – “em Portugal, apenas 10% das empresas têm medidas para lidar com os riscos psicossociais”. Por isso, a Multicare lançou, em novembro, aquela que Inês Pimenta descreve como “a primeira cobertura abrangente de saúde mental em Portugal”.

A Multicare lançou a primeira cobertura abrangente de saúde mental em Portugal

Inês Pimenta, Multicare

Antes da pausa para almoço, Ana Rita Gomes subiu ao palco, em representação da comissão executiva da Multicare, para dar conta dos três pilares de ação desta seguradora em resposta às atuais tendências macroeconómicas. O primeiro pilar é o da prevenção abrangente, que passa por atuar antes da doença, melhorando os estilos de vida, apostando no diagnóstico precoce de doenças, e no acesso a cuidados de saúde primários atempados e facilitados. Um segundo campo de ação é dar a proteção adequada ao risco de cada cliente. A outra vertente estratégica é a evolução da rede, através do crescimento da rede contratada, com prestadores diferenciados e maior amplitude das valências.

Pelos caminhos da sustentabilidade da saúde

O grande tema da sustentabilidade da saúde foi aprofundado durante a tarde. John Fries, da Guy Carpenter, e Zachary Smith, da Oliver Wyman, refletiram sobre o impacto da covid-19. Para estes especialistas, foram várias as consequências da pandemia para o mercado dos cuidados em saúde, com três situações a revelarem-se particularmente nocivas. Uma delas diz respeito à redução da utilização dos serviços médicos não covid, “que prejudicou, sobretudo, os prestadores de serviços”. Outro alerta foi dado ao nível do financiamento dos governos, que gastaram muito dinheiro nos custos diretos e indiretos da covid-19. A outra consequência drástica aconteceu “na perspetiva das finanças dos indivíduos”, como resultado do “aumento da morbilidade que o adiamento dos cuidados necessários provocou”. No que toca ao impacto financeiro da covid-19, a nível dos provedores de seguros de saúde, foi referido que “ainda estamos a lidar com novas vagas e variantes da pandemia, cujo impacto desconhecemos”. Na ótica das empresas seguradoras, um item em especial deve gerar preocupação: o impacto do long covid nos doentes infetados.

Se ainda não temos forma de tratar a doença de Alzheimer, há fatores de risco neurodegenerativo em que é possível intervir com o recurso, por exemplo, à atividade física

Prof. Joaquim Ferreira, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

No painel sobre cuidados complexos, o Dr. Paulo Cortes, coordenador de Oncologia no Hospital Lusíadas de Lisboa, mostrou a relevância da incidência crescente das doenças oncológicas em Portugal e na União Europeia. Neste contexto, destacou a “enorme evolução do tratamento oncológico”. O seu terceiro ponto foi o da mortalidade: a menor realização de tratamentos e o adiamento de diagnósticos devido à pandemia “vai fazer aumentar a mortalidade e a morbilidade dentro de três ou quatro anos”.

O Prof. Joaquim Ferreira, professor de Neurologia e Farmacologia Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, refletiu sobre a falta de opções terapêuticas para o combate às doenças neurodegenerativas, concluindo que a solução atual passa por “tratar o que é tratável”. Isso implica “um novo modelo de cuidados”, executado por equipas multidisciplinares. É preciso atuar onde é possível, mas importa prevenir. “Se ainda não temos forma de tratar a doença de Alzheimer, o melhor é não a ter.” Nesse sentido, “há fatores de risco neurodegenerativo em que é possível intervir com o recurso, por exemplo, à atividade física”.

Sentido de urgência e pragmatismo

No painel seguinte, a CEO da Luz Saúde, Isabel Vaz, apontou para a “tempestade perfeita” que o setor vive, fruto de um aumento generalizado dos custos relacionados com a longevidade, com as terapêuticas oncológicas e com as matérias-primas.

A responsável apelou “à implementação de um sistema coerente de financiamento do setor”, em que prestadores, financiadores e reguladores consigam dar “incentivos corretos” às companhias para que estas possam assumir um papel de investimento na prevenção – “a única estratégia que pode garantir a sustentabilidade do setor”.

Com a discussão do risco de insustentabilidade do setor em cima da mesa, Rui Diniz, CEO da CUF, apontou para um declínio de rentabilidade que atinge todo o setor. Apesar de um esforço de eficiência, digitalização e contenção de custos, “a pressão nos custos com salários e matérias-primas permite antecipar que a rentabilidade continuará em queda”. Sendo a sustentabilidade deste mercado amparada pela prestação dos cuidados de saúde e pelo financiamento, a solução, segundo Rui Diniz, passa por “uma revisão das tabelas de preços, em que os ‘clientes empresariais’ devem assumir a subida de preços”.

Seguidamente tomaram a palavra os representantes da rede de distribuição. Instado a comentar de que forma se pode fazer o realinhamento do setor na ligação das seguradoras com o segmento corporate, António Madureira, da Willis Towers Watson, apontou para “a evolução das apólices no sentido da cobertura de risco, em detrimento do consumo automático”. Por seu turno, Carlos Freire, CEO da AON Portugal, projeta “estratégias de retenção de talento como essenciais para a melhoria de todo o ecossistema do setor através, por exemplo, do sistema de benefícios flexíveis”.

Já Rodrigo Simões de Almeida, CEO da Mercer, partilhou as grandes tendências do mercado, que vão desde o aumento do pricing até à prática preventiva e ao self-care como “necessidades globais”.

Já conseguimos manipular geneticamente uma célula no sentido de que volte atrás em termos de características físicas, portanto, só falta passarmos de células para organismos, e tenho a certeza de que o vamos conseguir

Prof.ª Maria do Carmo Fonseca, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

Os desafios da longevidade dominaram dois momentos da tarde. O primeiro teve como protagonista a Prof.ª Maria do Carmo Fonseca, keynote speaker deste evento e investigadora na área do combate ao envelhecimento. Professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e presidente do Instituto de Medicina Molecular, esta oradora lembrou que a Organização Mundial da Saúde classifica o envelhecimento como doença desde 2018, sendo que o racional por trás desta decisão é que “o envelhecimento está claramente associado ao risco de doença, sendo a causa direta de várias doenças, por exemplo, neurodegenerativas, cujas estratégias terapêuticas têm falhado”.

A investigadora deposita a sua maior dose de otimismo na luta pelo atraso e reversão do envelhecimento, na área da investigação sobre as células. “Já conseguimos manipular geneticamente uma célula no sentido de que volte atrás em termos de características físicas, portanto, só falta passarmos de células para organismos, e tenho a certeza de que o vamos conseguir”, afirma.

A segunda parte da sessão “Desafios da longevidade” levou ao palco Daniel Riscado, diretor e coordenador do Center for Transformation da Fidelidade, e o Prof. Nuno Marques, cardiologista que preside ao Observatório Nacional do Envelhecimento. Nesta conversa, o Prof. Nuno Marques apontou para a necessidade de “mudar a conotação negativa que atinge a pessoa mais velha, no sentido de ser alguém com uma grande carga de doenças e que é um encargo para a sociedade”.

Portugal tem dos piores índices no campo do envelhecimento, mas, para Nuno Marques, esse facto configura “uma janela de oportunidade” para o nosso país ser “um modelo de mudança”, pois “todos esses índices são transformáveis”. Neste âmbito, o Observatório Nacional do Envelhecimento vai recolher dados que permitam “propor políticas e medidas que, de forma independente, promovam o envelhecimento saudável e ativo.”

Compromissos da Fidelidade para o futuro

Coube a Maria João Sales Luís, CEO da Multicare, fazer a intervenção que encerrou o encontro. Falou-se de sustentabilidade ao longo do dia, e esta responsável frisou que esse desafio “é da responsabilidade coletiva e individual de todos os stakeholders” na atividade seguradora. No caso da Multicare, frisou que a seguradora está “muito à frente” ao nível da defesa da sustentabilidade do sistema.

Neste contexto, partilhou os compromissos da empresa para o futuro próximo, nomeadamente “continuar a promover o alinhamento do setor segurador em torno do desejado caminho de sustentabilidade”. E, nestes tempos desafiantes, em que as empresas dos diversos setores de atividade estão a tentar mitigar os danos económicos causados pela pandemia de covid-19, Maria João Sales Luís indicou que a aposta da Multicare vai passar por modelos de pagamento baseados em valor. Também de prevenção se falou bastante no encontro, tendo este sido outro dos compromissos que a Multicare vai continuar a assumir. Investir na genética e na medicina de precisão são também compromissos futuros, no contexto da ambição da Multicare de que os clientes “sintam a empresa como uma verdadeira parceira ao longo da vida”.